Experiência e dedicação, delegada é a primeira conselheira mulher da Polícia Civil
- Por Idionara Bortolossi - Jornalista ASSESP
- 6 de nov. de 2018
- 3 min de leitura
Primeira conselheira mulher da Polícia Civil. Responsável pelo projeto e pela implantação do Codem (Coordenadoria da Delegacia da Mulher). Uma das responsáveis pela criação do protocolo único para o atendimento de homicídios.Projetou, instalou e chefiou muitas das delegacias da mulher do Paraná. Sem contar as inúmeras operações e investigações sob às ordens dela em 24 anos - e meio - de Polícia Civil.

O currículo extenso é da delegada Maritza Maira Haisi, há quase dois anos chefe da divisão de Polícia Especializada. A DPE é a divisão responsável pelas delegacias de vulneráveis, isto é, as delegacias da Mulher, do Adolescente, Nucrias, de Proteção ao Meio Ambiente, do Consumidor, de Futebol e Eventos, de Delitos de Trânsito e de Explosivos, Armas e Munições. Há cerca de cinco meses, ela também senta em uma das cadeiras do Conselho da Polícia Civil, cargo que assumiu após ampla votação dos delegados paranaenses.
Se a experiência e o bom trabalho a fizeram conquistar tanto espaço e um ótimo cargo, a falta dela, no início da carreira, não a impediu de sentar em uma cadeira de delegada logo após a formatura do curso de direito, ainda em 1994. “No meu primeiro dia de trabalho, em Cascavel, foi a primeira vez que estava entrando em uma delegacia, então foi uma coisa que me marcou bastante, tudo era novo!”.
De lá, teve passagens por Paranaguá, onde começou a atender as mulheres vítimas de violência. “Trabalhando com vulneráveis, principalmente vítimas de violência doméstica e sexual, a gente percebe que está ajudando a devolver a dignidade para essas pessoas”. Em Araucária e em São José dos Pinhais, por onde passou em seguida, projetou as Delegacias da Mulher para a região metropolitana. Para SJP, o plano incluiu uma diferença com relação às outras delegacias. “Foi a primeira delegacia que atendia mulheres e adolescentes em conflito com a lei na mesma unidade”, explicou.
Unir dois tipos de violência para transformar e melhorar o mundo. Uma criança acostumada a ver agressões, não só físicas, mas verbais também, cresce achando que isso é natural. O modelo de casa costuma ser absorvido e levado adiante. [Porém,] quando a gente tira o cerne da violência, a gente diminui a clientela das outras delegacias”.
Em 2003, já há dez anos na Polícia Civil como delegada, Maritza chegou à Campo Largo. “Ali aconteceu algo que considerei muito pitoresco. O jornal da cidade fez uma enquete com os moradores para saber a opinião deles sobre ter uma mulher no comando da Polícia Civil”. De acordo com ela, deu tudo certo. Ali, ela permaneceu por dois anos, saiu apenas para comandar o antigo CIAC Norte-Sul (Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão), hoje chamado de Central de Flagrantes.
Foi, então, à Guarapuava, onde assumiu, inclusive, a chefia da subdivisão. Também foi delegada titular da Delegacia da Mulher e delegada-adjunta do distrito. “O legal de Guarapuava é que ela é também um ponto de apoio da Polícia Civil, pois todas as equipes do interior que vêm à Curitiba, param ali. Assim como as que saem da capital com direção ao interior”. Em termos de tamanho territorial, essa é a maior do Estado. “Na época, fizemos diversas grandes operações, até com mais de 100 policiais civis do interior. Eram ações integradas com outras subdivisões.
DELEGACIA DE HOMICÍDIOS - “Trabalhar com homicídios é a investigação por excelência, é muito bacana e hoje, com o avanço da Polícia Científica, ela fica ainda mais interessante”. Maritza esteve à frente da antiga Delegacia de Homicídios por três anos - em duas gestões diferentes. Foi ela, inclusive, a responsável pela implantação da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa.
“O desafio foi muito grande. Foi articular tudo isso, aparelhar tudo isso... Quando eu saí de lá, [de pouco mais de 30 servidores] deixei com mais de 100 pessoas. Então foi um desafio de gestão, uma parte da minha carreira que me dá muita alegria em saber que participei”.

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